quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mário Barradas vai andar pelo firmamento

Hoje, 19 de Novembro,  Mário Barradas partiu para a Via Láctea, e logo à noite o firmamento terá mais uma luzinha, que muito aturdirá os cientistas agarrados aos telescópios. Terá a luz que têm as outras, só que esta é uma luz insatisfeita, também violenta, quantas vezes desagradada com a terra geográfica que a pariu. E essa luz falará de Brecht e de Marivaux, com  o sotaque das  ilhas dos Açores. Só o teatro, a nobre arte do fingimento, podia encenar este milagre: uma estrela a falar Máriobarradês!
Cheguei a Lisboa, nos anos sessenta, vindo de uma terra de província onde o teatro era apenas aquele que nos era trazido pela Companhia de Teatro  Rafael de Oliveira. E pensava para mim, já apixonado pelos fingimentos que via naquele palco, que tinha que haver outro teatro. E havia. Esse outro teatro encontrei-o numa triologia épica que me moldou os gostos e os apetites culturais, e fez de mim, volvidos 45 anos, um apaixonado do teatro. Um foi "À espera  de Godot". A outra foi "Para onde is?", pela malta jovem e irreverente da Comuna, representada numa garagem nas traseiras da Fábrica da Cerveja. Tenho esse bilhete guardado numa gaveta e não consigo encontrá-lo. Finalmente a outra foi a "Comédia Mosqueta", numa encenação do Mário Barradas (e não sei se com ele mesmo.)
Mário Barradas vai estar no fimamento. E a estrela que se mostrar insatisfeita e descontente com o empobrecimento cultural e a pronvicianice dos serviços informativos que só discute futebol como se ele fosse o princípio e o fim de todas as coisas, pois essa é a estrela. E quais reis magos, basta segui-la
Ver-nos-emos por aí, Mário.
Um abraço

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